quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sobre a indução do parto...

Como eu já disse em posts anteriores, nós tivemos um parto induzido com 41 semanas e 5 dias de gestação.

Por que optei por induzir?
Por vários motivos. Todos eles foram amplamente conversados com o meu marido e com a minha obstetra.
O principal deles foi que quando eu completasse 42 semanas, a minha obstetra sairia de férias. Eu já sabia disso há um tempo e não queria, de jeito nenhum, correr o risco de ter que ter um parto com plantonista e acabar caindo em um parto cheio de intervenções ou em uma cirurgia desnecessária. Nós temos que confiar na equipe, e eu só confiava nela. Sabia que ela não mancharia o índice LINDO dela de 15% de cesáreas a toa.

O que é a indução do parto?
É o início artificial do trabalho de parto para provocar o nascimento do bebê.
Como qualquer outra intervenção, pode apresentar efeitos indesejáveis, só devendo ser usada quando os benefícios para mãe e feto superarem os riscos de espera pelo início espontâneo do trabalho de parto.



Como ela pode ser feita?
Antes de partir para a indução no hospital, há alguns recursos que podem ser usados.

Acupuntura
De acordo com a Biblioteca Cochrane, ainda são necessários mais estudos a respeito da acupuntura e a indução do trabalho de parto, entretanto, muitas doulas e gestantes relatam casos de sucesso com a acupuntura

Homeopatia
O Caulophyllum thalictrodes estaria indicado para regularizar as contrações uterinas no trabalho de parto ou quando ainda estão fracas e irregulares.
Autores concluíram que este remédio apresenta uma ação na rpevenção de contrações uterinas fracas, no entanto, as evidências atuais são insuficientes para recomendar o uso da homeopatia na indução do parto (Moraes Filho et al. 2005)
Descolamento das Membranas
O Obstetra faz, manualmente, o descolamento da bolsa das águas, provocando a liberação de prostaglandinas, hormônios que incentivam o trabalho de parto (atenção: descolamento na bolsa não é o mesmo que ruptura da bolsa).

No hospital:
Catéter com Balão (Sonda de Foley)
Promove o amadurecimento do colo uterino através da liberação de protaglandinas. O seu uso, geralmente, fica associado com a ocitocina.
A associação da sonda com a ocitocina diminui o risco de cesárea em relação à indução feita somente com ocitocina (Moraes Filho et al. 2005).
Ocitocina
A ocitocina é usada de forma intravenosa e promove o aumento e a frequência das contrações uterinas.
Quando o colo do útero é imaturo, a indução do parto apenas com a ocitocina está associada a percentual elevado de partos prolongados, de doses elevadas com o rosco de intoxicação hídrica, de falhas e consequentemente, aumento da incidência de cesáreas.
Alguns autores chegam a desaconselhar o uso isolado da ocitocina para induzir o parto quando o colo está imaturo (Moraes Filho et al. 2005).

Misoprostol
O comprimido de misoprostol inserido na vagina relaxa o músculo liso da cérvice e facilita a dilatação, ao mesmo tempo em que permite o acréscimo do cálcio intracelular, promovendo contração uterina.
Se comparado à ocitocina, o misoprostol por via vaginal está associado a um maior sucesso da indução do trabalho de parto, embora também a um aumento da hipercontratilidade uterina, mas sem repercussões sobre a frequência cardíaca fetal.
Nota: este foi o meu caso. Colocamos um comprimido de misoprostol e depois de 6 horas, outro foi colocado. Mais ou menos uma hora depois, a minha bolsa rompeu e as contrações vieram já bem ritmadas, a cada 4 ou 5 minutos. Rapidamente, cheguei às contrações de 3 em 3 minutos e depois de mais ou menos 7 horas de trabalho de parto, estava com contrações de um em um minuto, com duração de 30 segundos cada uma. Fiquei com contrações curtas e frequentes, o que colabora para que a dilatação progrida de forma mais lenta. Como eu optei pela analgesia, para evitar que tivéssemos que ficar aumentando a dose da analgesia conforme o efeito fosse passando ainda durante a evolução do trabalho de parto, neste momento, foi usada a ocitocina e em mais ou menos 45 minutos, fomos dos 5cm para a dilatação total.

Em um estudo com 3533 mulheres com passado de uma cesárea e com parto induzido, houve ocorrência de ruptura uterina em 0,8% dos casos em que se usou ocitocina e 1,1% dos casos com misoprostol. A indução do parto com ocitocina ou misoprostol está associada com aumento de ruptura uterina quando comparada com o trabalho de parto espontâneo (Moraes Filho et al. 2005).


Existem outros métodos, porém, menos utilizados, que são citados nas refeências abaixo.

Principais indicações de indução ao trabalho de parto segundo as evidências atuais:
- Gestação prolongada
- Ruptura prematura das membranas a termo
- Diabetes em uso de insulina
- Pré-eclampsia

Contraindicações absolutas para a indução do trabalho de parto
- Placenta prévia centro-total
- Apresentação córmica
- Prolapso de cordão umbilical
- Cesárea clássica anterior E outras cicatrizes uterinas prévias
- Anormalidade na pelve materna
- Herpes Genital ativo
- Tumores prévios (tumor de colo ou vagina e mioma uterino em segmento inferior)

Aqui você lê soubre outras indicações e contraindicações.




Referências:
MORAES FILHO, Olímpio Barbosa de; CECATTI, José Guilherme; FEITOSA, Francisco Edson de Lucena. Métodos para indução do parto. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v. 27, n. 8, Aug. 2005 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032005000800010&lng=en&nrm=iso>.  Accesso em 12 Apr. 2012.    

SOUZA, Alex Sandro Holland; COSTA, Aurélio Antonio Ribeiro; COUTINHO, Isabela; NORONHA NETO, Carlos; AMORIM, Melania Maria Ramos. Femina, v.38, n. 4, Abr. 2010. Disponível em http://files.bvs.br/upload/S/0100-7254/2010/v38n4/a003.pdf. Acesso em 11 de abril de 2012.



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